À conversa com: Pedro Medeiros | "Horta à Porta"

Horta da Oliveira

O projeto Horta à Porta – Hortas Biológicas da Região do Porto, no qual está inserido a Horta da Oliveira, levou o Porto Gardens a descobrir mais sobre esta iniciativa com a ajuda do técnico superior da direção municipal do ambiente Pedro Medeiros.


Este projeto surge da necessidade de existir mais espaços verdes e um contacto mais próximo da população com a Natureza. Assim, a Câmara do Porto em parceria com a Lipor - serviço intermunicipalizado de gestão de resíduos do grande Porto, unem-se na produção de agricultura biológica ajudando a criar um ecossistema equilibrado.
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O “Horta à Porta” possui cerca de sessenta hortas distribuídas pelos municípios da área metropolitana do Porto. Através da inscrição no formulário online disponibilizado no site oficial da Câmara do Porto é atribuído um número de espera para a lista em adquirir o talhão. É obrigatória a frequência de uma formação dada pela Lipor, além de residir perto dessa horta. Após esses passos concluídos, é oficial a entrega do espaço de cultivo ao agregado familiar, bem como a prática agrícola. Numa fase posterior, é feita uma monitorização mensal por parte da Lipor, com o objetivo de assegurar a cultivação biológica.
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Pedro Medeiros afirma que as hortas possuem vários objetivos: “ Um deles é a economia familiar, uma vez que é para consumo próprio. A inclusão social também é outro dos objetivos, pois existem pessoas de várias classes sociais. Além de ser um espaço cívico, onde as pessoas convivem e aprendem muito uns com os outros”.
Estes espaços são constituídos pelos talhões, bem como por abrigos que se compõem pela organização de materiais referentes a cada número do talhão. “Uma das coisas que queremos assegurar é a valorização orgânica, ou seja, o compostor individual de cada talhão. Em média, cada compostor faz 300 kg por ano, sendo este também um dos critérios de avaliação mensal da Lipor”. Em caso de abandono do talhão, o responsável é contactado para proceder à sua limpeza e cultivo.
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A cidade do Porto foi pioneira em fazer este tipo de hortas, com início no ano de 2003, na altura com os programas chamados de “Ação local 21”. As zonas periféricas da cidade apresentavam terrenos abandonados e por vezes muito sujos, por esse motivo a Direção Municipal de Proteção Civil, Ambiente e Serviços Urbanos decidiu intervir nessas áreas. Neste sentido a primeira horta municipal a ser formada foi a Horta de Aldoar, composta por 14 talhões. Em 2004 foi iniciada a Horta da Condomínia com 26 talhões, seguidas das seis hortas municipais.
A Horta da Oliveira, situada em Campanhã, foi iniciada em setembro de 2017. Possui uma área de 4.200 metros quadrados, com 80 talhões para cultivo, apresentando-se como uma das maiores hortas municipais da cidade do Porto. Além dos talhões de cidadãos, está inserido nesta horta o talhão maior da horta que é da escola básica do Falcão e também de um grupo de escuteiros.
Uma curiosidade da Horta da Oliveira é o facto de existir talhões adaptados a pessoas de mobilidade reduzida, que se destinam às IPSS – Instituição Particular de Solidariedade Social da zona de Campanhã. São talhões altos denominados como “mesas de cultivo altas reguladas por capilaridade”, ou seja, possuem um sistema eficaz de poupança de água, em que a parte inferior da mesa de cultivo é composta por tijolos. Este sistema permite a rega de três em três semanas, diminuindo o crescimento de ervas daninhas. “Ainda não está ativado, mas nesta seção é utilizado a vermicompostagem, que ao contrário da compostagem normal que dura cerca de 300 dias, a compostagem de minhocas demora apenas 60 dias, sendo o adubo produzido por minhocas.”
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A água da companhia não é a ideal para regar, pois tem cloro, assim o reaproveitamento da água com os sistemas de poupança que possuímos a rega é assegurada com muitos nutrientes. No futuro o nosso objetivo passa por implementar este tipo de sistemas de poupança de água, que sejam eficientes”.         
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As espécies para cultivo são à escolha de cada responsável por talhão, no entanto na formação que cada pessoa deteve, recebeu informação sobre essa matéria.
“O ideal é nas bordas de cada talhão, colocar ervas aromáticas para aproximar insetos, afastando outros, e reaproveitar ao máximo os espaço para cultivar várias espécies”. É visualizado várias espécies como a couve, couve-flor, alface, ervilha, cebola, pimento, aipo, entre outros.


As aves são as mais assíduas no ataque às hortas e, desta forma, os responsáveis pelos seus talhões têm a necessidade de se precaver contra esse aspeto. Procedem a vários métodos tradicionais, como a introdução de espantalhos, redes e moinhos de vento. As cinzas e as cascas de ovo são um método eficaz da agricultura biológica para afastar os insetos das hortas.
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Os talhões são adquiridos por tempo indeterminado a cada felizardo, provocando uma competição saudável entre as pessoas que desejam manter os espaços aproveitados da melhor forma. É recorrente também haver concursos da horta mais bonita, sendo este um aspeto positivo nessa competição.
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A agricultura biológica é um modo de melhorar o ecossistema local e de aumentar a biodiversidade. A produção de alimentos e fibras têxteis, sem recorrer à aplicação de pesticidas, adubos químicos ou organismos modificados, tem como objetivo promover práticas saudáveis para o ecossistema agrícola. Assim, a prática destes comportamentos biológicos promove e desenvolve ciclos biológicos, bem como a correta utilização da água e do solo.

Por fim, em nome da equipa Porto Gardens, agradecemos a ajuda disponibilizada pelo Sr. Pedro Medeiros, bem como a todos os cidadãos agricultores da horta da Oliveira, que permitiram a captação de imagem com o maior entusiasmo.
Redigido por: Marta Santos
Vídeo e Fotografia: Júlia Aguiar

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